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Camarada Assis: Presente!!! – Por Maikel da Silva

Camarada Assis: Presente!!! – Por Maikel da Silva

A UFSC amanheceu sob lágrimas nesta manhã. Não poderia ser de outra forma. O dia chuvoso era a expressão natural do abalo emocional que muitos de seus membros carregavam no peito. “Perdemos” o companheiro Assis.

Lembro de uma madrugada chuvosa, durante a última greve dos servidores da UFSC. Na ocupação do DAE, em frente à rótula, lá estava o companheiro. Uma bebida quente esquentava nossos corpos e a certeza de que estávamos fazendo o que era justo nos esquentava o coração. Outra vez, no primeiro dia de aula do semestre passado, lembro de um trovão que me abordou, tenso e terno. Oito horas da manhã, primeiro dia de aula e lá estava ele, cobrando uma postura combativa dos/as estudantes. Minha resposta tranqüilizadora era: “fique tranquilo companheiro, o semestre acabou de começar. As coisas vão acontecer a nosso favor”. Coisas aconteceram no último semestre.

Poderia citar dezenas de episódios da luta diária, pois o companheiro estava em todos. Quero referir-me apenas a mais um, minha homenagem pessoal ao pequeno gigante. Durante a posse da atual gestão do DCE, recebemos como convidados o professor Lino, da Arquitetura, representante da APUFSC, e o companheiro Assis, representando o Sintufsc, além de uma mediocridade que estava ao seu lado representando a reitoria. Nesta noite, citei um exemplo de uma pessoa espiritualmente velha, morta para o novo, para o futuro, que me dizia em uma conversa particular que quando eu fosse de sua idade reavaliaria minhas posições de hoje, que eram vistas por ela como extremistas, sectárias. Ao ver o companheiro Assis naquela mesa tive mais certeza do que nunca de que esta pessoa estava errada. Temos exemplos maravilhosos de pessoas maduras que nunca abandonaram suas causas, que nunca as abandonarão e que até o último sopro de vida erguerão sua bandeira. Assis naquela mesa, nosso convidado, era o exemplo vivo disso.

Seu corpo desapareceu, porém ele estará sempre ao nosso lado, em cada combate, ensinando-nos a reconhecer nossos inimigos, a lutar pela universidade pública.

Aprendemos com a experiência que a morte é uma conseqüência inevitável da vida. Talvez a beleza da vida seja justamente saber que ela terá fim e não encarar isso com dor, mas com sabedoria, dar sentido à vida. O companheiro soube dar sentido à sua. Lutou até o último instante, dedo em riste, desafiador, em defesa da causa dos/as trabalhadores/as e da educação.

Seu legado é seu exemplo. Carrego no peito imensa dor. Porém amanhã estarei de pé, lutando, sabendo que se desistisse haveria o companheiro Assis para, como um trovão nervoso e bondoso, chamar-me ao combate, dar-me sua mão, ensinando-me o caminho certo a seguir.
Nunca comemorei a morte de um tirano, sempre há um outro boçal para ocupar sua vaga. A perda de um combativo companheiro, porém, sempre me traz enorme emoção.

Hoje, como fizemos outras vezes juntos, tomo uma pequena dose de álcool, em sua homenagem. Afinal, não choremos por sua morte, comemoremos o que foi em vida: um guerreiro, um trabalhador.

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