Cerca de 355 crianças e adolescentes, vindos de vários municípios do Estado de Santa Catarina, participaram, nos dias 14, 15 e 16 de outubro, em Florianópolis, do IV Encontro Sem Terrinha “Reforma Agrária: Terra, Alimento e Educação”. Confira o agradecimento do MST e a Carta Final do Encontro
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Florianópolis, 20 de outubro de 2008.
Companheiros e Companheiras de Luta,
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Santa Catarina, vem por meio deste, reconhecer e agradecer os companheiros e companheiras dessa Entidade Sindical que estiveram juntos contribuindo para a construção de mais uma atividade da classe trabalhadora, o IV Encontro dos Sem Terrinha.
O Encontro aconteceu com a participação de 355 crianças e adolescentes, vindas de 8 Brigadas do MST localizadas em todo o Estado. As crianças e adolescentes, durante esses três dias debateram e reivindicaram melhores condições de vida, na produção de conhecimento, na produção de alimentos saudáveis, no cuidado da terra, da água, e dos seres vivos. Denunciaram o descaso do Governo Estadual com as escolas dos assentamentos e acampamentos e com a Educação do Campo em geral. Finalizaram o IV Encontro Estadual dos Sem Terrinha, com uma Carta à sociedade, que segue anexo.
Nós do MST, reconhecemos a importância desse espaço de debate para que as nossas crianças percebam as relações de companheirismo e de luta, e as relações de forças contrárias, experimentando desde já que a luta conjunta é fundamental para garantir nossos direitos.
Reforçamos nossos agradecimentos, reiterando a possibilidade de cada vez mais unir a luta do campo e da cidade.
Atenciosamente,
Altair Lavratti, Camila Munarini e Daniela Rabaioli
Direção Estadual e Coordenação Estadual do MST/SC
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CARTA DO IV ENCONTRO SEM TERRINHA
Reforma Agrária: Terra, Alimento e Educação
Nós, 355 crianças e adolescentes, vindos de vários municípios do Estado de Santa Catarina, reunidos no IV Encontro Sem Terrinha “Reforma Agrária: Terra, Alimento e Educação”, realizado em Florianópolis na data de 14 a 16 de outubro de 2008, vimos por meio desta manifestar à sociedade o que segue:
Participamos da luta de nossos pais, pela terra, pela educação, pelos alimentos saudáveis, porque junto com nossas famílias vamos para as ocupações, ficamos acampadas e somos assentadas. A luta pela Reforma Agrária é realizada por toda a família Sem Terra, já que a riqueza, concentrada nas mãos de poucos, produz muitos sem terra, sem casa, sem trabalho…. É essa condição que nos leva, junto com nossas mães e pais, aos acampamentos. Enfrentamos juntos as difíceis condições de vida nestes locais, a violência dos despejos, a demora na realização do assentamento, mas também a esperança de conquistar melhores condições de vida… Participar da luta, portanto, é algo que não simplesmente escolhemos, mas uma condição de sobrevivência. Este processo nos ensina muito: que dignidade não se ganha, se conquista e que se organizar para conquistá-la é um direito que pode ser exercido a qualquer tempo da vida, com criatividade e autonomia.
Realizamos este IV Encontro para reivindicar a agilização da Reforma Agrária e de um projeto a favor da vida no campo; isto porque temos sentido o avanço do monocultivo (de soja, de pinus, eucalipto…), inseridos em um projeto em que o dinheiro está acima da vida, dificultando a produção de nosso alimento diário; neste sentido também nos propomos a estudar com mais profundidade nossa realidade para podermos ajudar a mudá-la e denunciar o descaso do Governo do Estado de Santa Catarina com relação ao Ensino Médio nos assentamentos, a Escola Itinerante dos acampamentos e toda a Educação do Campo. Por fim, nos reunimos ainda para produzirmos arte e a cultura que inspiram um novo modo de viver.
Este IV Encontro Sem Terrinha tem ainda dois outros objetivos:
– cultivar a identidade Sem Terrinha, identidade de criança, de luta, de estudo, de brincadeira, de arte, cultura, mística…
– nos encontramos com as crianças da periferia da cidade para conhecer sua realidade, em alguns aspectos tão parecida com a nossa, e nesse sentido construirmos questões comuns de mobilização, confraternização, estudo, a partir de um contato solidário, fraterno e contínuo.
Manifestamos que estamos comprometidas a:
-sermos estudiosas;
-nos organizar e lutar;
-cuidar e preservar a terra, a água, os animais, as plantas, o planeta;
-cultivarmos uma cultura de beleza, de resistência, altivez, alegria, enfim,
-sermos crianças: que brinca, é espontânea, que com nosso jeito mostra ao mundo a necessidade de ser HUMANO!!
Acreditamos que um novo mundo é possível e agradecemos a todos que colaboraram carinhosamente com este encontro.
Bandeira, Bandeira, Bandeira Vermelhinha:
Educação do Campo para Todo Sem Terrinha!!!