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Pela memória e pelo futuro da Universidade Federal de Santa Catarina

Pela memória e pelo futuro da Universidade Federal de Santa Catarina

Nas últimas semanas, o nome do campus-sede da Universidade Federal de Santa Catarina, localizado no bairro Trindade, em Florianópolis, tornou-se tema de disputa. As três últimas sessões do Conselho Universitário (CUn) tiveram como pauta as recomendações da Comissão Memória e Verdade (CMV-UFSC), entre elas a mudança do nome do campus. No entanto, o debate não se restringiu ao CUn. Houve notas públicas, reunião na Câmara Municipal, vídeo do prefeito Topázio Neto em suas redes sociais e até stories do Secretário de Assistência Social, Bruno Souza.

Mas, afinal, o que está em discussão no CUn?

A Comissão Memória e Verdade da UFSC (CMV-UFSC), criada em 2014, realizou um trabalho aprofundado, analisando um grande número de documentos de acervos públicos sobre a história da universidade durante a ditadura militar. O relatório final desse trabalho foi entregue ao CUn, que o aprovou em 2018, criando uma comissão responsável por encaminhar as 12 recomendações finais do documento. Essa nova comissão foi instituída em março de 2023 e entregou seu parecer em 2024. O parecer foi analisado por um relator do CUn e apresentado na sessão do dia 29/04/2025.

Nesse meio-tempo, em 2023, o filho do ex-reitor Ferreira Lima apresentou uma impugnação ao relatório final da CMV-UFSC. Mesmo sendo um ataque à autonomia universitária, a UFSC instaurou um processo, ouviu a advogada da família e formou uma comissão para analisar a impugnação. Essa comissão examinou todos os pontos levantados e emitiu um parecer fundamentado em referências, fontes e documentos históricos apurados pela CMV, concluindo que, enquanto reitor, Ferreira Lima colaborou com o regime militar, atuou como informante e criou, dentro da Universidade, um ambiente de medo e perseguição.

Na última sexta-feira, 6 de junho, o CUn votou contra a impugnação ao relatório da CMV-UFSC e aprovou 11 das 12 recomendações da comissão. A recomendação número 6, a mais polêmica, trata da retirada do nome de Ferreira Lima do campus central da Universidade e será votada hoje, sexta-feira (13).

A disputa pela memória

O que, para os privilegiados, é tarefa de apagamento e revisionismo, para nós deve ser de lembrança permanente e busca por justiça. A luta por memória, verdade e justiça está sendo conduzida hoje pelos setores democráticos da nossa universidade.

Existem diversas formas de reagir diante da imposição de um regime autoritário. Durante as sessões do CUn, conselheiros citaram exemplos de reitores e diretores de centro, inclusive da própria UFSC, que criaram comissões de inquérito pró-forma, adotaram posturas de resistência passiva, recusaram-se a delatar colegas e não atuaram como agentes da repressão dentro da Universidade. Ferreira Lima, por outro lado, colaborou ativamente, delatou e usou os instrumentos repressivos para fins pessoais.

A homenagem ao ex-reitor foi concedida em 2003, antes que viessem a público os documentos que evidenciam sua colaboração com a ditadura militar. Como afirmou o conselheiro Paulo Pinheiro Machado, integrante da CMV e professor do Departamento de História da UFSC: “O nome do campus é um patrimônio da UFSC, não um bem pessoal ou de herança.” Retirar essa homenagem é um dever institucional com a democracia. É afirmar, como comunidade acadêmica, que não valorizamos nem concordamos em manter no nome do nosso campus uma figura que colaborou com o regime autoritário.

Esse debate diz respeito à luta pela memória, mas também ao nosso presente. Assim como indivíduos são responsáveis por suas escolhas mesmo sob regimes autoritários, nós temos a responsabilidade de reparar os erros e injustiças do passado e manter viva a memória desse período, para que nunca mais se repita. A retirada da homenagem é também pela memória de todos os professores, técnicos-administrativos, estudantes e seus familiares que sofreram durante a ditadura militar.

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