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Quem, afinal, é pequeno? Por Elaine Tavares

Quem, afinal, é pequeno? Por Elaine Tavares

Ele tem o nome simples: Pequeno. Mas não o é. Quem já teve a alegria de compartilhar a vida com ele sabe da sua grandeza. Ser humano incomparável, poeta, contador de histórias, ser cultural. Militante, lutador, guerreiro. Homem que grita quando algum direito está ameaçado, que acolhe os que sofrem, que afaga os que, feridos de dor, são violentados, humilhados, assediados nos seus locais de trabalho. Foi ele quem incansavelmente denunciou casos de assédio moral e sexual na CUT, quando boa parte dos militantes cutistas escondia a cabeça na terra para não ver o que se passava dentro da entidade.

Foi esse Pequeno que, junto com outros companheiros e companheiras, criou o Tribunal do Assédio Moral e Sexual em Florianópolis para dar sustentação às almas e corpos em pedaços, vítimas da violência no trabalho, coisa que começou a ficar comum inclusive no campo da esquerda. Pois ele nunca temeu o ódio, a represália, os olhares de esguelha. Era a voz serena, a mão amiga, o espaço do aconchego de todos aqueles que por anos sofreram com a violência e não tinham onde descansar a cabeça.

Luis Pequeno é trabalhador da Escola Sul da Central Única dos Trabalhadores e para lá voltou depois de ter ficado afastado para cumprir, por três vezes, o mandato sindical. Pois qual não foi a sua surpresa, ao voltar, em ver seus companheiros de trabalho se recusarem a assinar seu retorno ao trabalho na carteira de trabalhador. “Procure seus direitos”, foi a frase que ouviu. Nenhuma conversa, nenhuma explicação. Só a frase exemplar de vingança e revanche, afinal, não fora ele quem denunciara o assédio sexual na Escola Sul da CUT no longínquo, mas não esquecido, final dos anos 90? Pasmo ficou. Estupefato. Se assim age a CUT, o que esperar dos patrões?

Agora o Pequeno está lá, nos corredores da Escola dos trabalhadores, vagando sem rumo, pois a CUT não o reconhece mais como trabalhador da entidade. Vive o Pequeno aquilo que sempre ajudou a denunciar: violência no trabalho, assédio moral, humilhações. Terá, enfim, que “procurar seus direitos”, lutar contra uma entidade que existe para proteger os trabalhadores. Terá de fazer todo um movimento de denúncias, de peregrinação pelas salas do Ministério Público, buscar advogado. E tudo isso sem sequer ter o salário garantido. A CUT entende que ele deixou de ser trabalhador da entidade quando saiu para seu mandato sindical. Pequeno não entende assim. Foi assim que aprendeu, inclusive na CUT. Seu afastamento como dirigente sindical sempre foi regulamentado nos marcos da lei. Mas, ele sabe, a coisa não é legal. É política!

Tristes dias estes em que uma central de trabalhadores age assim com os seus. Mas, aos lutadores sociais, principalmente àqueles que já tiveram no Pequeno o bálsamo para suas dores trabalhistas, resta a denúncia e a solidariedade. O Pequeno agora precisa de nós. O Pequeno precisa do nosso colo, do nosso afeto e do nosso dinheiro. É, porque ele está, inclusive, sem salário. E esse homem bendito tem filhos para sustentar. Então, mãos à obra. Vamos fazer a luta para recuperar a dignidade deste homem grande, Pequeno só no nome. Não tema, amigo. Estamos contigo.

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