Representantes das diferentes correntes políticas da Fasubra tiveram 20 minutos cada um para fazer sua análise de conjuntura durante o XX Confasubra.
Além dos coordenadores da Fasubra Paulo Henrique Rodrigues dos Santos e Loiva Isabel Marques Chansis, participaram da mesa Carlos Maldonado, UFRJ; Hilbert Davi, Federal de Pelotas; Agnaldo Fernandes, UFRJ e Gilson Reis, representante da CTB.
Hibert Davi foi o primeiro a falar. O trabalhador lamentou que começaria o debate com o plenário esvaziado. Para ele, os trabalhadores das universidades brasileiras vieram ao congresso para fazer mais do que uma briga de torcida organizada. “Estamos aqui para fazer o debate político e preparar a categoria a enfrentar os desafios que virão”, afirmou.
Segundo Hilbert os trabalhadores precisam refletir sobre qual é a tarefa e a responsabilidade do movimento sindical diante da crise. Também comentou sobre a política do governo Lula. Para ele este é um governo que enfrenta os limites das co-relações de forças apresentadas. “Possibilitou a oportunidade histórica de podermos negociar com todos”, argumentou.
Sobre a CUT, disse que é estratégia da direita destruir os instrumentos de luta dos trabalhadores, e que estão querendo fazer isso com a CUT.
Carlos Maldonado disse que discutir a conjuntura é fundamental para construir a luta da classe trabalhadora. Para ele o fundamental é construir a unidade da classe trabalhadora. Segundo o trabalhador a Fasubra fez isso, portanto, é uma federação vitoriosa. Afirmou que estamos vivendo um momento importante, de uma crise aguda do capitalismo e que depende da classe trabalhadora fazê-lo cair. O desafio, segundo ele, é avançar nas experiências que não são neoliberais.
Para Maldonado a discussão sobre se Lula é bom, ou se Lula é ruim, é vazia. “Temos que pensar o que vai significar a derrota da esquerda nas próximas eleições”, afirmou. Também disse que o tema central do congresso dos trabalhadores não pode ser a desfiliação da CUT.
Fasubra dividida ao meio
Gilson Reis começou falando que acompanhou o congresso da Fasubra nos últimos dez anos e considera que esse é o mais importante da historia da categoria. Para ele existem três paradigmas, que precisam ser analisados pela classe trabalhadora. O primeiro é sobre o mundo unipolar em que vivemos, onde a única super potência são os EUA, que representam o imperialismo que domina mundo. Ele acredita que o que interessa para os trabalhadores é a unificação da América Latina. O segundo ponto é refletir sobre o projeto neoliberal, que surgiu como a salvação da humanidade e, depois de 20 anos, só promoveu a privatização de quase tudo o que público, favoreceu o capital internacional e as transnacionais, e destrói o estado.
O terceiro é a crise do sistema capitalista. Segundo ele, “não estamos diante de uma crise econômica e financeira e sim de uma crise estrutural do sistema capitalista”.
Gilson diz que o governo atual do Brasil não teve a capacidade de enfrentar esses problemas. Mas, “por isso não podemos dizer que é um governo de traidores”. Também disse que “a CUT não pode sentar no colo do governo”. Por isso,os trabalhadores têm que defender a autonomia da central e construir um programa da classe trabalhadora, rumo ao socialismo. Gilson acredita que a Fasubra tem que ser independente. “Manter a federação filiada à CUT significa dividir a Fasubra no meio e isso não pode acontecer”, conclui.
“Não é possível servir a dois senhores”
Agnaldo Fernandes também falou sobre a crise do sistema capitalista. Para ele é necessário lutar contra a perda de direitos dos trabalhadores. Segundo ele, existem reações dos trabalhadores, mas ainda são insuficientes. Ele também acredita que os trabalhadores têm a perspectiva de se reorganizar. Citou o exemplo de outros países da América Latina, que está vivendo um momento muito importante e é um foco de resistência. Diferente da política do governo brasileiro que, segundo ele, segue a ordem do sistema capitalista. Continua tocando projetos de privatização e não faz uma política de re-estatização das empresas públicas.
Sobre a CUT, o trabalhador afirmou que “infelizmente os princípios da central foram abandonados”. Para ele é necessário construir outros instrumentos de luta. “A adesão da CUT ao governo é explícita. Não é possível servir a dois senhores”, afirmou.
“Doença cancerosa”
Depois das intervenções da mesa, aconteceu uma chuva de inscrições. Dezenas de trabalhadores se aglomeraram em frente à mesa e crachás eram atirados para se fazer as inscrições. Os coordenadores da Fasubra Paulo Henrique e Loiva Marques tiveram dificuldade para organizar tantas inscrições. Ficou acordado que seria diminuído o tempo das intervenções, de cinco para três minutos, para que mais pessoas pudessem participar.
Enaura Simas Graciosa, que há dez anos está à frente da coordenação de políticas de aposentados do Sintufsc, conseguiu a façanha de ser a primeira inscrita. Enaura falou sobre as numerosas dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores aposentados. Para ela, eles estão vivendo um momento de uma “triste crise”. Falou sobre a EC- 41, que discrimina os aposentados por invalidez. Chamou a EC de “doença cancerosa”, que foi iniciada por FHC e concluída por Lula. Ela reclamou que a Fasubra e a CUT não estão fazendo nada para mudar a situação dos aposentados. Concluiu dizendo que é necessário tocar uma luta efetiva pelo direito dos aposentados.
Com o horário avançado e ainda muitas inscrições, a mesa interrompeu o debate para o almoço e, posteriormente, os trabalhos foram retomados, com a mesa de “Concepção de estado”, que também aconteceu com muito atraso. Ficou decidido que as intervenções dos delegados inscritos para debater a conjuntura seriam retomadas depois da mesa.