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s – Sem a entrega do prédio CBS02 – Curitibanos

De cabeça erguida

Ao concluir nosso tempo à frente do Sintufsc, nós, do grupo “Unidos na Luta” na verdade apresentamos um balanço político de pelo menos dez anos. Nosso percurso nesse período deve ser atribuído não apenas a um intervalo de dois anos. Seria uma desconsideração com a história deste sindicato ter a pretensão de dizer que aquilo que se conseguiu fazer de 2007 até agora, setembro de 2009, deve-se exclusivamente ao trabalho de apenas esta diretoria colegiada que agora encerra seu mandato.

Tudo o que foi possível fazer nesse tempo de 24 meses está enraizado em um alicerce forte, cimentado ao longo de todos esses anos por um grupo político que, com as suas diferenças, ao longo de uma década estampou uma face política, financeira e administrativa que permite hoje assinar os documentos políticos de nossa entidade com o lema corajoso: Sintufsc- sindicato de luta. Antes disso, houve equívocos mas também luta e resistência. Existiu uma caminhada que permitiu superar resistências e criar nosso sindicato, deixando para trás a história de uma associação.

De novo nos trilhos

E se hoje o nosso sindicato é respeitado dentro e fora de seus muros, é porque diretorias anteriores, ao longo dos anos, marcaram sua atuação pela mesma linha ética e política que nos permite entregar hoje a administração do sindicato de peito aberto e com a consciência serena. Não com a constatação de que fizemos tudo que podia ser feito, mas com a certeza de que fizemos aquilo que nossas forças e a organização de nossa base permitiram que se fizesse.

Foram necessários dez anos para colocar o Sintufsc de novo nos trilhos, depois que ele foi entregue, ao grupo que assumiu a diretoria, em 1998, com uma dívida gigantesca política e econômica. Foi preciso muito trabalho e organização para que se retomasse o caminho da autonomia e da luta. Foi preciso muita economia e sacrifício para que as contas saíssem do vermelho e fosse possível respirar com certo alívio na hora de planejar uma ação de luta, uma viagem para plenária, uma caravana, um ato público, uma celebração da alegria de viver em uma festa.

Uma base de apoio

Mas tudo isso só foi possível porque trabalhadores e trabalhadoras da UFSC, filiados do Sintufsc, a chamada “base”, confiou no trabalho desse grupo que, ao longo dos anos, foi sendo eleito e assumindo, através de diferentes pessoas, a coordenação do sindicato. A vida dessas direções não foi fácil nem confortável. Nem sempre se contou com um número significativo de gente do “apoio” para levar em frente os tantos desafios que se apresentaram.

Mas o fato é que, de algum modo, sempre houve, mesmo que poucos, companheiras e companheiros valorosos que ofereceram o seu braço para ajudar a construir o Sintufsc. Um sindicato que tem a dignidade de se apresentar em qualquer lugar do país como uma entidade limpa, decente, que não tem nada escondido em baixo de tapetes nem responde por delitos de corrupção e aproveitamento da “máquina sindical” em benefício próprio.

Mudanças possíveis

O Sintufsc teve a coragem de fazer as mudanças possíveis, talvez nem todas as necessárias, porque os tempos magros exigiram manter, em nome da solidariedade, convênios na área de saúde e alimentação. Mas tivemos a coragem, sempre a partir de decisões aprovadas pela categoria em assembléias e congressos, de eliminar o mal pela raiz, cortando aquilo que fazia esvair o dinheiro em coisas absurdas como, até mesmo, bancar consórcio de eletrodomésticos.

Foi preciso determinação para criar e manter um fundo de greve, que hoje, sólido e saudável, permite enfrentar momentos complicados de paralisações com alguma tranqüilidade. E foram essas greves que asseguraram aos trabalhadores direitos e ganhos salariais que, não fosse por elas, jamais teriam vindo como medidas dos governos.
Foi a histórica greve de 2001 que garantiu a incorporação da GAE, uma vitória sem precedentes. Foi a greve de 2007, mesmo com todas as diferenças que estabeleceu na categoria, e que nós criticamos, que está permitindo alguma recomposição dos salários. Para impedir estragos maiores e buscar garantir direitos, percorremos também, através da nossa assessoria jurídica, todos os caminhos legais para preservar e garantir, nos tribunais, direitos individuais e coletivos.

Também foi preciso empenho, depois que as contas estavam saneadas, para ir arrumando a sede, cuidando para oferecer um ambiente digno aos trabalhadores e aos filiados que frequentam o sindicato. Inauguramos finalmente nosso auditório, um espaço de encontro e livre debate das idéias dentro da nossa casa de trabalhadores.

Contra a violência

Também soubemos ter a humildade de admitir que pouco sabíamos, e começar do zero a estudar e aprender o que é a violência nas relações de trabalho, e como ela se expressa de modo vil dentro da nossa instituição, criando situações de humilhação e sofrimento que culminam na sua forma mais virulenta e desagregadora: o assédio moral.

Ao longo de quase dez anos, o Sintufsc foi construindo uma ação concreta contra a violência que se institucionaliza também na universidade, adoecendo o ser humano trabalhador. Esta caminhada difícil deu seus frutos, e está para culminar agora na criação de uma assessoria em saúde do trabalhador no sindicato, já aprovada no IX Consintufsc, realizado em abril deste ano.

Busca da unificação

Rompendo resistências, fomos capazes de nos unificar como classe trabalhadora, em momentos pontuais de nossa história, mas também em mais longos períodos de enfrentamentos. E a recente reorganização do Movimento Unificado contra a Privatização, que já fizera uma história bonita de seis anos, nos tempos destruidores de FHC, também tem um dedo do Sintufsc.

Na metade de 2008, chamamos companheiros de outros sindicatos e movimentos para um encontro no campus. De lá para cá, com nossas fragilidades e esperanças, reavivamos o Mucap, e caminhamos juntos, na busca da unificação, da defesa de tudo que resta de público em nosso país e na denúncia da criminalização que machuca e atinge lutadores e movimentos sociais.

Política com arte

O Sintufsc também teve a ousadia de pensar a política com cultura, arte, beleza, espiritualidade, festa. Criou no espaço do campus um festival para acolher a primavera. Com o Eko Porã, como os Guarani, nos guiamos pela busca de uma terra sem males, boa e bonita para todos. Um festival que renova a esperança, denuncia os males do capitalismo, celebra a resistência e o eterno renascimento da vida e da luta.

Sem esquecer de sua dimensão pedagógica, o sindicato também construiu um momento anual, de formação de meninos e meninas. Todo 31 de outubro, no centro da cidade, realizamos um ato público para trabalhar a descolonização das mentes e enfatizar a necessidade de preservar nossas raízes culturais, com a celebração do Dia do Saci e seus Amigos.

Saber humanizado

Fizemos ao longo desses anos política com arte, a arte da greve, mostras fotográficas, exposições de imagens, livros que contam a boa e necessária luta dos trabalhadores na universidade. Publicamos todo mês nosso jornal Circulação, aprimoramos o portal na internet como espaço de informação e interação. Consolidamos uma política pública de comunicação sempre a serviço das trocas humanizadas e humanizantes.
Através dessa política de comunicação, ajudamos a viabilizar todas as ações sindicato. Criamos cartilhas, cartazes, faixas para dar visibilidade às campanhas para defender o HU, a saúde pública, divulgar as lutas dos aposentados e pensionistas. Expressamos em materiais visuais a batalha no campus para fazer valer a lei que garante a ampliação do atendimento nas instituições públicas com a jornada de trabalho de 30 horas, em turnos contínuos de seis. Criamos e vestimos pelo menos uma dezena de camisetas, todas para estampar e carregar no peito as nossas bandeiras pela vida digna.

Além dos muros

Pensamos a segurança para além dos muros do campus. Buscamos o diálogo com os professores e estudantes. Organizamos a cada dois anos nossos congressos, mantivemos vivas as assembléias como um espaço de discussão e decisão que nenhum caminho virtual poderá jamais substituir. Realizamos seminários, debates, encontros, jogos, festas. Trouxemos artistas para compartilhar seu saber de belezas nos nossos atos públicos, nossos congressos, nossas manifestações e nossas confraternizações. Com eles, pusemos os pés no chão e voamos também longe com nossos sonhos.
Sabemos que dez anos podem parecer muitos para consertar o que andou corroído nos alicerces de nossa casa de trabalhadores. Mas também sabemos que uma década são anos poucos para construir um projeto coletivo de organização dos trabalhadores. Para isso é preciso uma vida inteira.

Sindicato de luta

É isso que nós, “Unidos na Luta”, queremos deixar como horizonte para o futuro. Este grupo que aqui diz a sua palavra nasceu na greve de 2007, de um sonho de nosso companheiro Assis de unir os que estavam em luta. Alguns foram embora logo no início da caminhada, outros se afastaram em algum ponto da estrada a percorrer. Assis só nos deixou porque foi chamado para a “terceira margem”, o outro lado da vida.
Nós, que permanecemos cuidando de nosso sindicato até o fim de nosso tempo indicado pelos trabalhadores, queremos deixar aqui o nosso agradecimento a cada companheiro e companheira da base que nos sustentou no esforço de cumprir este trabalho. Queremos manifestar nosso apreço e gratidão pelos companheiros trabalhadores da sede do sindicato. Queremos ainda registrar nosso reconhecimento fraterno pelos companheiros dos outros sindicatos e movimentos de luta, com os quais caminhamos juntos.
Aqui, deixamos registrado o desejo de que o compromisso frente ao nosso sindicato seja mantido, com responsabilidade e respeito pelo seu Estatuto, pelo seu Plano de Lutas, pela sua história, e pelas pessoas que o constroem ao longo dos anos. Que o embrião de nosso projeto coletivo seja preservado e fortalecido. Que a gente possa sempre, de cabeça erguida, elevar o nome de nosso Sintufsc como um sindicato autônomo, livre, independente, um sindicato de luta.

Diretoria Colegiada do Sintufsc
“Unidos na luta”

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