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Teletrabalho, Flexibilização e CSocial: o que pensam as direções de centro e campi

Teletrabalho, Flexibilização e CSocial: o que pensam as direções de centro e campi

Durante os meses de julho e agosto, o SINTUFSC entrevistou direções de centros de ensino e campi da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para conhecer suas avaliações sobre os projetos-piloto de teletrabalho, flexibilização da jornada e o Controle Social de Frequência (CSocial), implementados a partir de março de 2023. Os/as diretores/as também foram indagados sobre a minuta da nova Resolução Normativa que consolida essas políticas, cuja votação está prevista para este ano no Conselho Universitário (CUn).

 

A EXPERIÊNCIA DOS CENTROS E CAMPI

No Centro de Ciências da Saúde (CCS), o diretor Fabrício de Souza Neves e seu vice Rodrigo Otávio Moretti Pires relatam que o teletrabalho foi facilmente incorporado nas secretarias de cursos de graduação e pós-graduação, sem prejuízo ao atendimento. Ressaltam que, com a flexibilização, o atendimento melhorou em alguns locais, como “em clínicas da Odontologia, da Fonoaudiologia e na Farmácia Escola”. Apontam que o CSocial também ajudou na gestão, trazendo mais transparência. Sugerem melhorias possíveis, como a criação de um sistema de comunicação padronizado em toda UFSC e que o controle social seja atualizado dia-a-dia para que se saiba quando alguém faltou por motivos de saúde. Os diretores se posicionaram favoráveis à minuta.

A modalidade do teletrabalho no Centro de Ciências da Educação (CED), segundo o diretor Hamilton de Godoy Wielewicki “agrega, objetivamente, qualidade de vida aos servidores (…) e reduz o absenteísmo”. Por outro lado, o diretor aponta preocupação com o esvaziamento da universidade e destaca a necessidade de exceções ao teletrabalho em períodos do calendário acadêmico que exigem maior presencialidade, como no início do semestre letivo. Além disso, Hamilton pondera que deve haver um planejamento das unidades em torno de quais atividades comportam a modalidade de teletrabalho. Em relação ao CSocial, Hamilton diz que é uma medida de transparência importante, mas que a ferramenta poderia mostrar o quadro de técnicos por setor como um todo, em uma única página. Sua avaliação, de maneira geral, é positiva. A respeito da minuta, sua opinião é de que são necessários aperfeiçoamentos em relação a “fundamentos políticos do teletrabalho”. 

A avaliação do diretor Luiz Augusto dos Santos Madureira e seu vice, Raphael Falcão da Hora, sobre a experiência do Teleflex e CSocial no Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) é positiva e tem funcionado bem, mas ressaltam a importância de ajustar os horários da flexibilização às demandas por atendimento. E que seja incorporada uma resolução sobre sazonalidade do calendário, para que durante certas épocas do ano não haja nem a flexibilização, nem o teletrabalho, garantindo que tenham mais pessoas para o atendimento. Entretanto, ponderam que essa questão não precisa, necessariamente, estar na minuta, pode ser negociada e resolvida entre as chefias e os TAEs. Os diretores têm concordância com os projetos-piloto e com a maneira que estão sendo encaminhados.

A direção do Centro Tecnológico (CTC) reconhece avanços com os projetos-piloto, mas aponta que o atendimento remoto não é o mesmo que o presencial e, para tanto, é preciso encontrar formas para que o teletrabalho garanta um atendimento síncrono equivalente ao presencial. Já o CSocial, para o diretor Sérgio Peters, poderia ser “mais amigável e transparente”. No CTC houve apenas um laboratório que adotou a flexibilização porque, segundo o diretor, não há essa necessidade no centro. Sua posição acerca da Minuta é de concordância, ele diz que “ela prevê tudo, a gente não entrou assim em minúcia, mas os princípios estão representados na minuta.  Poderia se fazer mais alguns ajustes”. Apesar de ser favorável, diz ao final que, como professor, preferia um trabalho totalmente presencial, ainda que entenda os benefícios que o teletrabalho está trazendo para os TAEs.

No Centro de Desportos (CDS), não foi implementada a flexibilização, segundo o diretor Michel Angillo Saad, os servidores não tiveram interesse e também não houve necessidade visto que o centro não possui curso noturno e as atividades encerram às 17h. Em relação ao teletrabalho e ao CSocial, todos têm se adaptado bem. Para implementação do teletrabalho, a coordenação melhorou e informatizou a página do centro, permitindo que os estudantes pudessem fazer praticamente tudo online (tirar dúvidas, requisitar documentos, etc). Além disso, organizaram a secretaria integrada na graduação. Sobre a minuta, afirmou: “Não tenho resistência; muito pelo contrário, eu apoio, porque para nós deu muito certo”. No entanto, acrescenta que deve haver a compreensão de que “o atendimento é importante e que se saiba onde as pessoas estão”.

Camila Almeida, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), diz que o impacto dos projetos-piloto foi positivo, sobretudo pela flexibilização, que permitiu ampliar a capacidade de atendimento às famílias, grupos de pesquisa e estagiários no contraturno. Apenas uma servidora no NDI está no teletrabalho, nos outros setores, não houve essa demanda, pois segundo a coordenadora, o trabalho no NDI envolve quase exclusivamente o atendimento às crianças e à comunidade interna e externa. Em relação ao CSocial, Camila diz que, como é algo novo, ainda há dúvidas em relação ao preenchimento no sistema, mas que é uma questão de adaptação. Sua posição é pela manutenção do Teleflex, “eu acho que se a gente tivesse que retornar, não teríamos um atendimento tão eficiente como temos atualmente”.

No Centro de Ciências Agrárias (CCA), a direção se reuniu com os técnicos-administrativos para conversar sobre a experiência dos projetos-piloto. A diretora Marlene Grade e o vice-diretor Arcângelo Loss relataram que os TAEs que aderiram ao teletrabalho destacaram benefícios, como a redução do tempo de deslocamento, maior concentração em tarefas específicas, melhor organização do trabalho e ganho de qualidade de vida. Contudo, apontaram desafios para setores com apenas um técnico, onde seria necessário integrar secretarias para viabilizar essa modalidade. Também ressaltaram a importância de difundir melhor, sobretudo para os estudantes, as ferramentas de comunicação. Sobre a flexibilização, a direção observou avanços nos atendimentos, principalmente nas áreas externas do CCA, como a Ressacada. Já o CSocial recebeu críticas dos TAEs por registrar apenas as horas devidas, sem contabilizar as horas excedentes. A direção está construindo um posicionamento coletivo sobre a minuta, já se reuniu com os TAEs e está planejando ouvir docentes e discentes para definir um posicionamento do Centro.

O Centro de Ciências Biológicas (CCB), possui grande diversidade de setores e funções. Tendo isso em vista, o diretor Rui Daniel Schroder Prediger e sua vice Evelise Maria Nazari, criaram uma comissão de gestão de pessoal para organizar e uniformizar a aplicação do teletrabalho e da flexibilização. Além disso, as secretarias integradas facilitaram a adesão aos projetos. No CCB, a flexibilização foi bem avaliada, sobretudo no laboratório multiusuário que ampliou o horário de atendimento. Em relação à minuta, a direção do CCB ainda está em processo de avaliação e construção de uma visão coletiva a respeito. Segundo os diretores, a minuta traz avanços, mas “ainda tem margem para ser trabalhada, no sentido de aprimoramento”. Apesar de não terem ainda um diagnóstico preciso do Centro, colocam que “o processo de teletrabalho e flexibilização é irreversível, e o foco agora é refinar e discutir a minuta no Conselho Universitário”. 

No Campus Blumenau (BNU), os projetos-piloto vêm funcionando bem. Adriano Pérez, diretor do Campus, conta que no início as pessoas tiveram muitas dúvidas sobre a implementação dos projetos e o preenchimento do CSocial, mas “as dúvidas foram sendo sanadas e, hoje, eu posso dizer que estamos trabalhando muito bem com o programa. As pessoas estão satisfeitas, eu entendo que a produtividade aumentou, apesar de não termos ferramentas para a medição dessa produtividade.” As secretarias no campus Blumenau são integradas desde a sua implantação no Campus, segundo Adriano, isso fez com que a flexibilização e o teletrabalho fossem implementados mais facilmente. Quanto à minuta, o diretor entende que seria “mais prudente tratar a flexibilização à parte do teletrabalho, por ser [a flexibilização] baseada em lei já consolidada e que a UFSC poderia apenas regulamentar em quais atividades e setores poderia ser aplicada”. Sobre o CSocial, Adriano demonstra preocupação, “esta opção traz alguns riscos que tenho receio se estamos adotando um modelo legal ou que possa trazer consequências jurídicas no futuro”. Ao final, afirma que no Campus de Blumenau, “as pessoas estão levando a sério, estão dando as entregas que esperamos e não temos reclamações do público em geral, portanto, avalio como positivo o programa implementado”.

Guilherme Jurkevicz Delben, diretor do Campus Curitibanos, relata que a experiência de flexibilização da jornada e teletrabalho no Campus “tem sido um sucesso”. Segundo ele, a estrutura integrada dos setores administrativos e secretarias facilitou a implementação dos projetos-piloto. O resultado, de acordo com Guilherme, foi positivo: os setores permaneceram sempre abertos com alguém presencialmente, houve ampliação do horário de atendimento, aumento no rendimento dos trabalhadores e melhora na qualidade de vida dos TAEs. “Acho que esse é o grande ponto desse processo: a qualidade de vida do servidor se tornou melhor”, destaca. O diretor se reuniu com TAEs do Campus para avaliar a minuta que regulamenta as políticas. Ele avalia o encontro como “uma conversa muito boa, franca” e acredita que “se avançou bastante nos pontos que talvez precisassem de adequação”. Sua posição enquanto diretor é “completamente favorável à minuta, na forma como ela está”.

No Campus Araranguá, os projetos-piloto foram pauta do Conselho de Unidade. A diretora Melissa Negro Dellacqua conta que a reunião foi bastante produtiva, com a apresentação das atividades de todos os setores e das potencialidades do Teleflex. Uma questão negativa foi levantada durante a reunião: a disponibilidade das pessoas durante o teletrabalho e a necessidade de alguma forma de controle desse aspecto. “Atualmente, por exemplo, quando enviamos e-mails ou mensagens em horário de teletrabalho, nem sempre obtemos retorno de forma imediata”. Apesar disso, foi unânime a aprovação da minuta no conselho.

Alguns centros e campi não constam nesta matéria. Até o momento da publicação não obtivemos resposta do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), do Centro Socioeconômico (CSE), do Colégio de Aplicação (CA) e do Campus de Joinville.

O vice-diretor do Centro de Comunicação e Expressão (CCE), Rodrigo Acosta Pereira,  alegou não ter conhecimento sobre a experiência dos projetos-piloto, pois a gestão assumiu recentemente e não houve tempo hábil para escutar técnicos, professores e estudantes do Centro sobre o tema.

Quanto ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), o diretor Alex Degan manifestou não ter interesse em conceder a entrevista.

 

PONTOS POLÊMICOS 

A partir da síntese das entrevistas realizadas com as direções de centro e campi, percebemos que o ponto mais polêmico entre eles é o teletrabalho. Algumas direções são propositivas. Sugerem que em períodos de matrícula ou fechamento de semestre haja maior presencialidade, apontam para a necessidade de um trabalho síncrono e que em alguns locais, pela natureza das atividades, o teletrabalho não deve ser implementado. 

Durante as entrevistas, a maior parte dos problemas citados é anterior ao teletrabalho, se referem a problemas de relacionamento humano, como dificuldades de diálogo entre servidores e chefias, não propriamente decorrentes de limites da política. 

Os diretores do CFM, ao relatarem os problemas do Centro, afirmam que estes “não vão ser resolvidos com a resolução, seja a resolução que for, são problemas de relacionamento humano com as pessoas ali dentro.”  

Nesta mesma direção é a fala do diretor do CED: “os problemas que aparecem no teletrabalho são em alguma medida muito parecidos com os problemas que aparecem também no trabalho presencial.” 

Em relação ao controle social de frequência, apareceram críticas à usabilidade do sistema, considerado pouco intuitivo e de difícil manejo. Algumas direções relatam que ainda há dúvidas em relação ao preenchimento e também necessidade de aprimoramentos.

A flexibilização da jornada foi bem avaliada pela maioria das direções de centros e campi, com destaque para a ampliação do atendimento em setores como as clínicas do CCS, o NDI, o CCA e o laboratório multiusuário do CCB. Onde já existiam secretarias integradas, como em Blumenau, a implementação foi mais simples. Algumas direções apontaram a necessidade de ajustes nos horários da flexibilização, enquanto outras não adotaram essa modalidade.

 

É HORA DE CONSOLIDAR AS CONQUISTAS

O SINTUFSC tem defendido a consolidação do teletrabalho e da flexibilização como direitos dos servidores e instrumentos de modernização da universidade. A experiência apresentada pelas direções confirma essa avaliação.

Há melhoria na qualidade de vida dos servidores, com a redução de deslocamentos e do absenteísmo. Além disso, os setores que organizaram bem os horários e fluxos de trabalho e implementaram a flexibilização conseguiram melhorar o atendimento à comunidade. Apesar de diferenças de realidade entre setores, centros e campi, as quais devem ser consideradas, o consenso é que a política trouxe ganhos objetivos.

O teletrabalho, a flexibilização e o CSocial já se mostraram viáveis e benéficos. Os desafios apontados são de natureza organizacional e de gestão e, portanto, não inviabilizam a política, apenas indicam a necessidade de ajustes e maior clareza nos processos. O que está em debate agora é como consolidar os projetos da melhor forma para garantir direitos, melhores condições de trabalho e eficiência no serviço público.

O SINTUFSC reafirma seu compromisso em defender a aprovação da minuta, como um passo histórico, sem alterações que a desconfigurem. Cabe aos conselheiros do CUn reconhecerem os avanços conquistados nos centros e campi e transformar esses projetos-piloto em política permanente, garantindo que a UFSC avance em gestão, democracia e valorização do trabalho dos técnicos-administrativos em educação.

Segunda-feira (08/09) sairá uma nova matéria sobre o mesmo tema, com entrevista à pró-reitora de Gestão de Pessoas, Sandra Regina Carrieri de Souza. Acompanhem!

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