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Carta aberta à comunidade escolar

20/03/2024

Carta aberta à comunidade escolar

Nós, trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAE ́s) do Colégio de Aplicação (CA), no dia 11 de março, iniciamos uma greve por tempo indeterminado, junto com nossos colegas da UFSC e das universidades federais de todo o Brasil.

Atualmente, no CA da UFSC, contamos com o trabalho de 58 profissionais técnicos, que atuam diretamente nas atividades de atendimento aos estudantes e no funcionamento da escola. Essa equipe está dividida em diferentes setores: Serviço de Enfermagem, Assistência ao Aluno, Serviço Pedagógico de Educação Especial, Serviço Social, Biblioteca, Orientação Educacional, Secretaria Escolar, Nutrição, Terapia Ocupacional, Psicologia Escolar, Fonoaudiologia, Intérpretes de Libras e Coordenadoria Administrativa, que contempla os serviços de Comunicação, Setor Financeiro, Manutenção Predial e Setor de Pessoal.

VOCÊ SABE QUAL O MOTIVO DOS SERVIDORES TÉCNICOS-ADMINISTRATIVOS DO CA ESTAREM EM GREVE?
A reivindicação salarial e a reestruturação da carreira são os principais fatores que nos fizeram mobilizar e aderir à greve nacional. Não temos data-base, nem reajuste salarial anual de acordo com a inflação, como têm algumas categorias do serviço público e privado. Este ano, o governo nos ofereceu 0% de reajuste em alguns benefícios que excluem os aposentados, o que achamos extremamente injusto. Entre 2015 e 2024, nossa perda salarial acumulada ultrapassa os 70%.

EXISTEM OUTROS MOTIVOS?
Nossa greve também tem como objetivo dar visibilidade para as condições de trabalho, que impactam diretamente na qualidade do atendimento dos estudantes e famílias. Ano após ano, governo após governo, a verba para as universidades vem sendo cortada, o que inclui os Colégios de Aplicação. A situação está insustentável, e vemos os reflexos disso no cotidiano da escola: falta de professores e técnicos, falta de manutenção predial e falta de materiais.

VOCÊS SABEM COMO ESTÁ A ESTRUTURA FÍSICA DA ESCOLA?
Os banheiros são constantemente interditados, cadeiras e mesas estão enferrujadas ou são insuficientes, aparelhos de ar-condicionado não funcionam, falta espaço físico para os trabalhadores, o mobiliário e os equipamentos estão ruins. Além disso, em pleno 2024 não temos um laboratório de informática nem um ginásio de esportes para uso e formação dos estudantes.

COMO ACONTECE A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA?
Ela está dispersa em vários lugares. As crianças precisam ter aulas no pátio e áreas abertas, sem condições adequadas. Os adolescentes precisam se deslocar a pé até o Centro de Desportos porque não temos verba para construir um ginásio na escola. Professores e técnicos estão adoecendo pela falta de acústica em espaços abertos.

E A EDUCAÇÃO ESPECIAL?
Este é um ponto crítico que muito nos preocupa. Para um bom atendimento dos estudantes público-alvo da educação especial, a sala de recursos é um espaço importante de acolhimento, além disso, precisamos de maior número de estagiários e professores da educação especial, e do profissional de apoio, que não existe hoje na escola. Precisamos contar com doação de materiais para termos o mínimo necessário para a realização de atendimentos, e o aumento expressivo no número de estudantes que precisam de auxílio fez com que a equipe ficasse defasada.

JÁ SE PERGUNTARAM SOBRE A MERENDA NO CA?
Então, ela é limitada. O governo paga R$0,50 centavos por aluno! A escola precisa reorganizar o orçamento de outras coisas para garantir minimamente um lanche para seu/sua filho/a.

E SE FICAR COM FOME?
Não pode repetir!

FALTA DE PROFESSORES?
Já observou que, de tempos em tempos, seus filhos não têm algumas aulas do dia? Sabe o que isso significa? Com as condições precarizadas do nosso trabalho, muitos professores estão adoecendo, e os processos de substituição são extremamente burocráticos e impraticáveis. Quando existe a possibilidade de contratação, é demorada e muitas vezes não há procura, devido às condições em que os contratos são feitos. Sem falar que, quando nós técnicos adoecemos, NÃO HÁ SUBSTITUIÇÃO. O setor fica descoberto, e os que seguem trabalhando se sobrecarregam. O que acontece neste cenário? Professores que ainda estão na ativa e servidores técnico-administrativos têm que cobrir os furos da falta de profissionais, gerando uma sobrecarga, acúmulo de trabalho e um ciclo de adoecimento dos profissionais.

E OS FUROS NÃO PARAM POR AÍ…
Estamos trabalhando sem supervisão escolar há anos. Não temos assistentes de alunos em número adequado para a quantidade de estudantes e não há sequer previsão de contratação. Alguns cargos foram extintos no MEC. Estamos sem coordenação de segmento nos Anos Iniciais, no 6o e 7o ano dos Anos Finais e no Ensino Médio. Resultado: as demandas batem à nossa porta cotidianamente, e essa situação prejudica a todos: trabalhadores, famílias e estudantes.

A LUTA É DE TODOS NÓS!
Lutamos todos os dias para que todos os estudantes permaneçam na escola e tenham acesso à educação de qualidade. Sabemos que nossa adesão à greve impacta a vida de vocês, e ela foi nossa última opção dentro de várias tentativas de negociação com o governo federal. Estamos com 70% de defasagem salarial, e isso impacta na nossa família, no nosso trabalho e na nossa saúde. Porém, uma greve na educação, como já pontuamos, não é só sobre os TAEs. É sobre todos nós!

Nesse momento, precisamos do apoio de toda a comunidade escolar para mostrar que estamos unidos em busca de melhorias que beneficiarão a todos.

TAEs do Colégio de Aplicação da UFSC

TAE ́S EM GREVE!

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