Em reunião da administração central da UFSC com a direção do SINTUFSC e trabalhadores afetados pelo decreto presidencial que corta milhares de funções gratificadas e cargos de confiança no âmbito do Governo Federal e que está deixando as universidades federais do País em polvorosa, o reitor Ubaldo Cesar Balthazar disse na tarde desta terça-feira (23/7) que ainda nutre um fio de esperança de que o quadro seja revertido antes do decreto passar a vigorar no final deste mês, com reflexos no contracheque a ser emitido no final de agosto e impacto financeiro nos valores a serem depositados no mês de setembro. Segundo o reitor, existe uma forte pressão em todos os Estados para que o Governo volte atrás na medida, que fere a autonomia universitária prevista na Constituição, uma vez que compromete a gestão administrativa das instituições federais de ensino.
Falando em nome da coordenação geral do sindicato, Celso Ramos Martins observou que as gratificações foram conquistas ao longo do tempo e com muita dificuldade. Ele lamentou a forma autoritária com que o presidente da República editou a medida, sem ouvir as instituições sobre os cortes e destacou que o SINTUFSC está cumprindo com seu papel ao fazer a defesa dos trabalhadores da Universidade. Neste sentido, a administração se colocou a disposição para dialogar com os representantes da categoria e disposta a manter a direção do sindicato informada sobre a evolução dos fatos em torno do decreto. O reitor destacou que o assunto será pauta na próxima quinta-feira, quando será realizada em Vitória (ES) a plenária da Andifes para a escolha do novo presidente da entidade, que reúne os reitores das Universidades do País.
Ubaldo criticou a postura do Ministério da Educação, que acabou colocando os reitores na defensiva. “Depois da mobilização contra os cortes de verbas nas universidades, o Governo vem criando factóides e fazendo cortina de fumaça para desviar o foco, para primeiro aprovar a reforma da Previdência e depois desmantelar as universidades públicas. Hoje estamos na defensiva e correndo atrás do prejuízo”, disse o reitor. Diante da sugestão de um dos trabalhadores presentes de a Reitoria contra atacar através de uma ação judicial com pedido liminar diante do desrespeito à autonomia universitária, disse que fará uma consulta à sua equipe sobre a oportunidade de buscar um remédio jurídico contra o decreto presidencial.
A pró-reitora de Gestão de Pessoas da Universidade, Carla Búrigo, abriu a reunião mostrando um quadro dos reflexos do decreto nas instituições federais de ensino e também na UFSC, a sexta do País a ser mais afetada. No caso local, o impacto nas 50 unidades afetadas seria de 365 FGs cortadas, com 311 de nível 4, 45 de nível 5 e nove de nível 6. Deste quantitativo, 271 estão ocupadas e 94 desocupadas, sendo que os valores das gratificações variam de R$ 270,84 (FG-4); R$ 219,76 (FG-5) a R$ 161,14 (FG-6). O centro mais afetado é o CTC (Centro Tecnológico) que teria 41 FGs extintas, enquanto o CCS (Centro da Saúde) perderia 26 e o CFH (Centro de Filosofia e Humanas) teria cortadas 21 FGs.
