
Na semana em que lembramos a luta antirracista através do Dia da Consciência Negra (20/11), vem à tona a mais pura expressão do racismo institucional da Universidade Federal de Santa Catarina.
O Coletivo Resistência Popular Estudantil publicou trechos de e-mails trocados entre professores do CTC que conversavam sobre a implementação de políticas de cotas na pós-graduação e destilavam todo o seu preconceito e ódio contra a medida aprovada pela universidade em outubro de 2020. Expressões como “cotas para pesquisa por conta da condição social e raça é ridículo, é imbecil” ou “nenhuma lei pode obrigar professores em comissão de bolsas a aprovar medíocres”, dentre outras que podem ser conferidas no link da publicação:
https://rpefloripa.libertar.org/cotas-ctc/?fbclid=IwAR0rSeokG9806nxL6f-z0Qv06dKfmGjI5YTV3vcFJpoeudw_uX0tRn2989I
É estarrecedor que esse tipo de diálogo se dê em correntes de e-mail institucional de uma universidade pública. Mais estarrecedor é que nenhum dos 200 docentes da lista tenha se posicionado contra essas falas preconceituosas, conforme indica o Coletivo Resistência Popular Estudantil. E mais estarrecedor ainda é a total omissão da universidade em relação ao assunto. Até quando a UFSC vai fazer de conta que não vê esse tipo de denúncia?! Até quando a UFSC vai compactuar e reproduzir o racismo institucional?
Num ano marcado por intensas manifestações antirracistas que tomaram as ruas dos EUA, do Brasil e do mundo em decorrência do assassinato de George Floyd num ato de violência policial que traduz o racismo institucional do aparato repressor do Estado, vemos mais um exemplo do quanto as nossas instituições reproduzem a desigualdade e a opressão e se escondem atrás do mito da democracia racial.
Vivemos e somos formados em um país historicamente racista, várias instituições fazem parte desse sistema e a universidade é uma delas. Certamente esse não é o único caso que reflete o racismo institucional estruturante de uma realidade social marcada pela desigualdade e discriminação racial, na qual a UFSC está inserida. É importante que esse debate esteja presente no cotidiano da universidade e que chamem a atenção para a responsabilidade ética dos servidores públicos e a necessidade de ações efetivas de combate ao racismo dentro da instituição.
O SINTUFSC se coloca lado a lado na luta contra todas as formas de opressão e exige que a gestão da Universidade se posicione sobre as falas racistas proferidas por esses professores que se consideram os arautos da elite intelectual brasileira, mas que não passam de racistas que não admitem que a universidade é sim lugar de preto, de pobre, do povo.
Não toleraremos nenhuma forma de racismo!
Racistas não passarão!
