EBSERH mantém emergência pediátrica fechada e usuários convivem com a falta de atendimento

EBSERH mantém emergência pediátrica fechada e usuários convivem com a falta de atendimento

Crianças seguem desassistidas em Florianópolis com o fechamento da emergência pediátrica do Hospital Universitário da UFSC. O serviço, suspenso por tempo indeterminado pela EBSERH, tem deixado mães e pais sem alternativa diante de quadros graves de saúde infantil. Enquanto a estrutura recém-reformada permanece inutilizada, famílias vivem o descaso na prática — como mostra o relato de Chaiane Guterres, mãe de um menino de 9 anos que precisou de atendimento de urgência:

“Meu filho de 9 anos estava com febre, vomitando e com dor de ouvido. Eu saí de casa e me desloquei até o HU, porque sempre que eles estiveram doentes ou precisaram de serviço de emergência, a gente sempre procurou o HU e foi atendido. Dessa vez eu cheguei na recepção e fui informada que não existia mais o serviço de urgência infantil no HU, que eles tinham fechado o serviço por tempo indeterminado e não haveriam mais serviços”. A declaração prossegue: “Eu já tinha gastado até chegar ao HU e daí tive que ter um novo gasto de uma nova programação para chegar no hospital infantil. E chegando no hospital infantil, estava extremamente lotado.[…] Nesse momento, ficamos horas na fila sendo que tem todo o equipamento novo.” 

Em setembro de 2024, o SINTUFSC encaminhou um ofício à Reitoria solicitando esclarecimentos sobre o fechamento — ou suposta “realocação” — da emergência pediátrica do HU. Desde maio de 2023, o setor já operava com restrições e, em 2024, foi transferido para o segundo andar, dificultando o acesso e comprometendo a qualidade do atendimento. Sem uma estrutura adequada, muitas crianças ficaram desassistidas e casos graves que chegaram ao hospital passaram a ser encaminhados inicialmente para emergências adultas, que não dispõem de profissionais nem equipamentos especializados para acolher crianças.

No início de 2025, o SINTUFSC voltou a cobrar termos da gestão do HU, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), e da Reitoria da UFSC. O novo contato  ocorreu após denúncias de que trabalhadores do setor pediátrico estavam sendo deslocados para outras áreas. Além disso, a estrutura recém-reformada, inaugurada após um investimento na casa de 800 mil reais foi desmontada sem nenhuma justificativa para a comunidade acadêmica e aos trabalhadores. Essa lamentável realidade nos leva à seguinte questão: a EBSERH pretende manter uma emergência pediátrica fechada permanentemente?

O fim do hospital-escola
Um dos objetivos centrais do Hospital Universitário é a formação de profissionais especializados, incluindo médicos de diversas especialidades, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos. O fechamento da emergência pediátrica não apenas prejudica os usuários do SUS, como também inviabiliza a formação de especialistas em atendimento infantil.

O fechamento contínuo de leitos e setores no HU compromete a oferta de estágios, afetando diretamente a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão universitária. O hospital perde sua função de hospital-escola, e a universidade, seu papel na formação de qualificar novos profissionais para o sistema público de saúde.

O que diz a EBSERH
Em ofício, a EBSERH afirmou que o referenciamento da emergência pediátrica, iniciado em maio de 2023, foi resultado de um acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES), responsável pela gestão do SUS no estado. Segundo a empresa, a mudança teria como objetivo “ampliar os leitos de enfermaria clínica pediátrica”, em resposta à superlotação do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG).

A empresa também alegou dificuldades para preenchimento de plantões noturnos com pediatras, afirmando que a contratação de profissionais por meio de concurso público não foi possível devido ao número de desistentes à vagas.

Sucateamento e falta de médicos
A situação expõe dois problemas centrais. Primeiro, a política da EBSERH de resposta às dificuldades de contratação de pediatra é de fechamento de serviços hospitalares de atendimento ao público, sem previsão de reabertura. Em segundo lugar, o impacto da redução de investimentos no SUS, política também adotada pelo governo estadual de Jorginho Mello.

O HU é um hospital federal, mas seu funcionamento depende de um acordo entre a União e o governo de Santa Catarina. O fechamento da emergência pediátrica reflete uma autorização entre a SES e a EBSERH para restringir o atendimento à população — especialmente na capital, que recebe pacientes de todo o estado.

Se o problema é a falta de médicos, a solução é clara: novos concursos, convocar os profissionais aprovados e repensar se a política de contratação está atendendo as necessidades dos profissionais. 

A pergunta que fica é: quando a emergência pediátrica do HU voltará a funcionar?
O SINTUFSC convoca a comunidade universitária e a população a se mobilizar pela reabertura do serviço. Em defesa de um HU público, gratuito e de qualidade! 

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