Santa Catarina é o estado que mais sofreu com catástrofes naturais nos últimos anos. Mas, mesmo com tanto sofrimento e prejuízo para a população, o interesse em discutir os métodos e a atuação da Defesa Civil no estado continuam na obscuridade. Nesta sexta-feira, dia 8, uma reunião entre representantes da sociedade civil catarinense, no auditório do Sindicato dos Bancários de Florianópolis e Região, debateu a realização das Conferências Municipais e Estaduais, orientadas pela convocação do Presidente Lula para a realização da Conferência Nacional.
Participaram da reunião representantes de entidades sindicais, comunitárias e de Defesa Civil. O consultor da Conferência Nacional, Marcos Ribeiro Ferreira, explicou qual a importância da realização das Conferências. Segundo Marcos a Defesa Civil hoje tem apenas um caráter socorrista. Depois de salvar as pessoas não há uma organização para determinar o que fazer com elas. Graves problemas de falta de acesso de entidades governamentais e assistenciais nos locais de abrigamento dos flagelados, além de problemas com assédio sexual e moral nesses locais, caracterizam uma política de gestão desumana e que beira a política prisional.
Nos âmbitos estadual e municipal, no caso da Capital, os gestores da Defesa Civil afirmam desconhecer a orientação de realizar as conferências, mesmo com a realização da Pré-Conferência no ano passado, onde 800 prefeituras participaram de vídeo-conferência para debater o tema. Uma delegação catarinense com representantes da sociedade civil e governo estiveram presentes no evento. Mas, mesmo assim, estado e prefeitura de Florianópolis afirmam desconhecer a pauta. Em São Paulo, mais de 3 mil pessoas participaram das prévias da conferência municipal. Dado o contexto catarinense de catástrofes naturais, a desinformação do estado e dos municípios em relação ao tema beira o descaso.
Santa Catarina não possui um sistema de alerta dos ventos. Deve-se lembrar que eventos naturais que flagelam a população não são apenas enchentes. Tornados, queimadas e deslizamentos também necessitam de medidas preventivas. Vale ressaltar que até mesmo as estruturas de prevenção contra enchentes no estado são precárias. Mesmo assim, o governo estadual afirma que a estrutura catarinense de Defesa Civil é a melhor do país. O estado tem justificado o desinteresse em relação ao tema pela falta de recursos, pelo pouco tempo para organização da conferência e pelo contexto turístico do estado na temporada de verão, o que dificultaria a realização do evento. Tais desculpas se mostram frágeis dada a seriedade do assunto e o contexto climático em SC, que mexe com as vidas dos cidadãos do estado.
A reunião teve como principal objetivo articular com sociedade civil a realização da Conferência, dado o desinteresse dos gestores públicos sobre o tema. O que causa estranheza é o fato do estado se eximir dessa responsabilidade, ao mesmo tempo em que divulga como é bom a Defesa Civil Catarinense. O mínimo de coerência é necessário se realmente é tão bom o serviço em Santa Catarina. Dado o caráter conferencial, o evento pode ser convocado pela sociedade civil, já o governo não quer.
Uma nova reunião foi marcada para próxima segunda-feira, dia 11, no auditório do Sindicato dos Bancários de Florianópolis, a partir das 14 horas.

