No sábado, dia 16 de maio, a nova direção nacional da Fasubra, biênio 2009/2011, tomou posse durante o XX Confasubra, que aconteceu, durante uma semana, em Poços de Caldas/MG. A cerimônia de posse foi marcada por mais uma polêmica. Uma parte da direção empossada se recusou a subir no palanque, em virtude da manutenção da bandeira da CUT no cenário do congresso. Apesar da desfiliação da Central Única dos Trabalhadores, a bandeira ainda estava dependurada no centro da mesa, como uma imposição de cutistas que continuam na nova direção.
Na plenária, ouviam-se palavras de protesto: “chega de rasteira, tem que tirar essa bandeira”. Os diretores da corrente política “Base” reclamaram que decisões democráticas devem ser respeitadas, referindo-se à deliberação da plenária do dia 14 de maio, que aprovou a desfiliação da Fasubra da CUT, por 510 votos a favor, 454 contrários, dois votos nulos e quatro brancos. Depois de 26 anos entranhada na vida da Fasubra, as contradições nas eleições da nova direção e os conflitos na posse, evidenciam a profundidade dos tentáculos cutistas enraizados em correntes da federação.
Cuidado com rasteiras e golpes
Rodrigo Borges, um dos coordenadores gerais do Sintufsc e um dos oito delegados da base de Santa Catarina no XX Confasubra, afirma que neste congresso, apesar da vitória da desfiliação da CUT, a parte política saiu totalmente prejudicada, pois sequer foi aprovado o plano de lutas e, muito menos, moções sobre questões fundamentais para a vida dos trabalhadores. Apesar da desfiliação da CUT, a majoritária da federação ainda continua sendo cutista, lembra Rodrigo. Por isso, diz, “ é necessário avaliar isso com muito cuidado, pois o momento da posse, com a imposição da bandeira da CUT, já revela as rasteiras e golpes que possam ser dados no futuro, pela direção majoritária, e que vão ter conseqüências perigosas para a base da categoria”.
Rodrigo adverte que o abandono do plano de lutas, cuja decisão ficou adiada para uma plenária política, a acontecer até julho de 2010, dá uma idéia deste cenário. “Não há uma política nova para esta diretoria, e a conjuntura está em contínua mutação neste momento de crise do sistema capitalista. Os trabalhadores nas universidades vão ter que avaliar este momento complicado e provar que, quem manda na política da federação, são os trabalhadores das bases.”
O delegado do Sintufsc conta que os grupos de trabalho se reuniram, debateram, encaminharam propostas, mas não houve plenária para discutir e deliberar sobre o que era muito importante: o plano de lutas. Rodrigo considera que este plano “é necessário para construir os novos rumos neste cenário de horror de um governo que de popular não tem nada, tanto é que se alia ao capital e prefere dar dinheiro aos banqueiros e ao Fundo Monetário Internacional, em vez de efetivar políticas para a classe trabalhadora sofrer menos neste momento de horror econômico e político. E, infelizmente, a CUT, da qual acabamos de nos desfiliar, dá sustentação a este governo, e deixa, inclusive, em muitos momentos, de fazer a luta em defesa dos trabalhadores.”
Rodrigo lembra que o Sintufsc foi o primeiro sindicato da base da Fasubra a se desfiliar da CUT, em 2003, após vários debates e assembléias, e teve o papel de apontar o caminho da autonomia e independência, sem o qual o movimento sindical não sobrevive. “Estamos muito felizes com a desfiliação da federação, apesar de saber que vai ser preciso construir um novo caminho, inclusive enfrentando a interferência de cutistas dentro da própria direção” , alerta.
Direção com quatro correntes:
A nova direção nacional tem a seguinte composição:
Coordenação Geral: Léia de Souza Oliveira, Rolando Rubens Malvásio Junior e Paulo Henrique Rodrigues dos Santos
Coordenação de Administração e Finanças: Raimundo Nonato Uchôa Araújo e Luiz Antônio de Araújo Silva
Coordenação de Formação e Comunicação Sindical: Rosane Barcelos Souza e Sandro de Oliveira Pimentel
Coordenação de Educação: Rosângela Gomes Soares da Costa e Janine Vieira Teixeira
Coordenação de Assuntos de Aposentadoria: Pedro Rosa Cabral e Walter Gomes de Sousa
Coordenação de Políticas Sociais e Gênero: Luiz Macena da Conceição e Antonio Donizetti da Silva
Coordenação de Organização Sindical: Marcelino Rodrigues da Silva e João Paulo Ribeiro
Coordenação Jurídica e Relações de Trabalho: Emauel Braz e José Almiram Rodrigues
Coordenação das Estaduais e Municipais: Cristina Del Papa e Fátima dos Reis
Coordenação da Mulher Trabalhadora: Márcia Venzel Messias e Carla Cristina Bildemger Cobalchini
Coordenação de Raça e Etnia: Iaci Amorim de Azevedo e Rogério Fagundes Marzola
Coordenação de Seguridade Social: Marco Antonio de Pádua Borges E Mário Márcio Garofolo.