Em sessão especial do Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, realizada na terça-feira, 1º de abril, foi aprovada a inclusão do título de Técnico-Administrativo Emérito no Estatuto da UFSC, proposta apresentada pelo servidor de Curitibanos, Ricardo João Magro.
O título de emérito é uma honraria atribuída a profissionais que se sobressaem por sua contribuição em suas respectivas áreas. Tradicionalmente associado a professores e pesquisadores, o reconhecimento como emérito é uma forma de valorizar uma trajetória.
Na solicitação de Ricardo ele coloca que “os TAES fazem parte da história da universidade, a criação do título seria um importante fator para a preservação da memória institucional, além de uma reconhecimento pelo trabalho desenvolvido por estes profissionais ao longo de sua passagem pela UFSC”.
Algumas universidades federais, a exemplo da Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Lavras, apresentam em seus Estatutos o reconhecimento de TAE Emérito ou Servidor Emérito.
Agora, a UFSC se junta a essas instituições. O título poderá ser concedido a profissionais aposentados ou em fase final de carreira, que tenham deixado um legado significativo para a instituição.
O conselheiro e membro da direção do SINTUFSC, Renato Millis, falou sobre a importância simbólica dessa inclusão: “muitos da nossa categoria contribuíram tanto para construir essa instituição, inclusive de forma literal; tivemos colegas que ajudaram a erguer edifícios”.
No entanto, apesar de sua importância e contribuição, a categoria dos TAEs tem sido desvalorizada, com precarização das condições de trabalho, sobrecarga de tarefas e até mesmo risco de extinção, devido ao grande número de pessoas que abandonam o cargo. Portanto, que esse seja um passo para reverter esse quadro.
Durante a sessão do CUN, vários nomes de TAEs foram citados por conselheiros, em reconhecimento aos seus trabalhos. Um deles foi Walcir Lacerda, servidor que atuava na emissão de histórico escolar e diplomas. Lacerda foi sequestrado e preso pela ditadura militar, durante a Operação Barriga Verde. Walcir nunca voltou para seu posto de trabalho na UFSC. Impedido de trabalhar na iniciativa publica, acabou migrando para a área do comércio.
No dia 1º de abril, completaram-se 61 anos do golpe militar no Brasil. A memória de Walcir é uma das dívidas históricas que temos enquanto universidade. O reconhecimento com o título emérito agora possibilita que muitos outros, como ele, possam ser reconhecidos pelos anos dedicados à universidade e à defesa para que ela siga sendo democrática, pública, gratuita e de qualidade.