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REITORIA E EBSERH ABANDONAM TRABALHADORES DO HU

REITORIA E EBSERH ABANDONAM TRABALHADORES DO HU

Sem almoço e janta, com corte no adicional de insalubridade e condições de trabalho cada vez mais precárias, a Administração do Hospital dá as costas para os trabalhadores

Às 11h da manhã, horário de almoço no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU/UFSC), uma cena que antes era incomum tem virado cada vez mais frequente: trabalhadores de aplicativos de delivery entram no hospital para entregar lanches à alguns profissionais. Alguns trabalhadores têm optado por comprar comida dessa forma depois que a Ebserh, com o aval da reitoria, retirou a alimentação gratuita fornecida pelo Hospital há mais de 30 anos.

Desde o dia 1º de junho os servidores RJU e terceirizados da Ebserh, para ter direito às refeições oferecidas no Hospital, precisam abrir mão de seu auxílio-alimentação e comprar mediante pagamento adiantado tickets nos vales de R$ 13,00 para o almoço e R$ 9,50 para a janta. Caso optem por não obter os tickets, os trabalhadores continuam recebendo o auxílio-alimentação no valor de R$ 458,00.

Além dos servidores e trabalhadores terceirizados, as refeições também eram oferecidas aos estudantes que realizavam atividades de pesquisa, extensão, estágio e residência médica. Todos esses trabalhadores ficam agora desamparados, muitos tendo que trazer sua própria alimentação de casa ou pedir comida por aplicativos de entrega. Tudo isso no momento mais crítico da pandemia no Brasil, em que os trabalhadores da saúde já estão sofrendo com uma precarização imensa.

Essa mudança não é algo isolado no Hospital Universitário da UFSC. Em 2018, a mesma alteração foi feita no Hospital Universitário de Sergipe/UFS e em 2019 no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrados pela Ebserh.

“RETIRAR NOSSA ALIMENTAÇÃO NO MEIO DA PANDEMIA É UM DESCASO. A MAIORIA DOS TRABALHADORES TEM MAIS DE 40 ANOS, VAMOS VIVER DE LANCHINHO? QUE SEGURANÇA NUTRICIONAL É ESSA? QUE PREOCUPAÇÃO ELES TÊM COM A SAÚDE DO SERVIDOR?” questiona Marilene dos Santos, servidora do HU e diretora no SINTUFSC.

A justificativa da empresa é de que realizou uma adequação da norma para fornecimento de refeições, seguindo determinações do Tribunal de Contas da União e do Ministério da Educação. Baseada na Lei nº 9.527, de 1997, que estabelece “§ 5º – O auxílio-alimentação é inacumulável com outros de espécie semelhante, tais como auxílio para a cesta básica ou vantagem pessoal originária de qualquer forma de auxílio ou benefício alimentação”, a Ebserh, junto da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Prodegesp), tomou essa decisão arbitrária.

O SINTUFSC tem realizado uma série de manifestações contra a decisão dos gestores do Hospital, distribuindo marmitas para os trabalhadores. Ocorreram atos nos dias 01, 26 e 30 de junho, com distribuição de 600 refeições no total.

No dia 02 de julho, o Sindicato convocou a Ebserh a Reitoria para uma Audiência Pública com a categoria. Entretanto, os gestores não compareceram ao compromisso. O Gabinete da Reitoria enviou dois ofícios à direção informando que não participaria da Audiência pois “as relações de trabalho entre os profissionais vinculados à Ebserh e à UFSC se dão de forma integrada, com acolhimento adequado, valorizando um ambiente equilibrado e harmônico”.

Durante a Audiência, que ocorreu mesmo sem a presença da direção, os trabalhadores do HU demonstraram sua indignação frente às condições de trabalho enfrentadas nesse momento de pandemia, com o corte das refeições e a diminuição ou corte total dos adicionais de insalubridade. Os trabalhadores também pontuaram que a ausência da Administração Central é uma prática cotidiana, que não se deu apenas no momento da audiência.

“ENQUANTO OUTROS PROFISSIONAIS TIVERAM A OPORTUNIDADE DE TRABALHAR REMOTAMENTE, NOSSA PROFISSÃO NÃO PERMITE ISSO. ENTÃO O MÍNIMO QUE ESPERAMOS É DIGNIDADE NAS CONDIÇÕES DE TRABALHO. A POSTURA DA REITORIA DE NÃO ESTAR PRESENTE HOJE NÃO ME SURPREENDE. ELES NÃO NOS OUVEM MAIS. TEMOS PACIENTES FICANDO DIAS INTERNADOS NA EMERGÊNCIA PORQUE NÃO TEM LEITO DISPONÍVEL E A UFSC ESTÁ FUGINDO DA GENTE”, relatou a servidora Fabíola dos Santos Ardigo, enfermeira lotada na Emergência Geral Adulto.

A ausência da Reitoria e da Superintendência da Ebserh só confirmam a falta de respeito com os profissionais do HU. Em nota, a Direção do SINTUFSC manifestou seu repúdio contra a omissão da Administração Central, mostrando que aqueles que tentam há anos destruir as universidades públicas encontram na UFSC uma importante aliada: sua reitoria. “Em meio à maior pandemia da história do país, seria natural supor que a Administração resguardasse seus profissionais da saúde, lotados no Hospital Universitário. Tratados nas mídias sociais como heróis, e no local de trabalho como palhaços, estes trabalhadores tiveram, durante o período de pandemia, seus adicionais de insalubridade cortados parcialmente, perderam o direito à folga nos dias de ponto facultativo e passaram a ser cobrados pelas refeições nos locais de trabalho. A EBSERH destrói o HU apoiado pelo silêncio da Reitoria, que optou por abandonar seus trabalhadores”.

Após um amplo debate, foram destacados os seguintes encaminhamentos na Audiência Pública: campanha com carro de som que evidencie a negligência dos gestores com a atual situação do HU; solicitação, pelos trabalhadores, dos laudos de insalubridade, a fim de identificar e atacar suas fragilidades; conversar com colegas de modo a demonstrar a negligência e desrespeito da Reitoria e da administração do HU com os profissionais; e encaminhar o estudo do contrato da EBSERH e cumprimento de suas cláusulas.

O SINTUFSC manifesta sua indignação e seguirá acompanhando o caso.

Reportagem: Ana Sophia Sovernigo.

Foto: Priscila dos Anjos.

Ilustração: Ariely Suptitz.

 

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